Caçadores de Sucesso Podcast
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Episódio 04: Embrapa
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Episódio 04: Embrapa

A estatal com alma de startup que impulsionou o Brasil ao posto de 3º maior exportador de alimentos do mundo.

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Transcrição:

Sérgio Goldman: eu sou o Sérgio Goldman e esse é mais um episódio do nosso podcast Caçadores de Sucesso, onde nós deciframos negócios de sucesso aqui no nosso mercado.

A história de hoje, a empresa de hoje, ela literalmente brota em todo o território brasileiro. Pois é, hoje a gente vai tratar da Embrapa.

Leticia Toledo: Eu sou a Leticia Toledo, que faço parte aqui do podcast junto com o Sérgio.

E a gente vai tratar da Embrapa, que é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do país, que conseguiu colocar o Brasil em grande destaque, tornar o Brasil o terceiro maior celeiro mundial de alimentos, né?

Então, ela começou lá na década de 70, quando a gente importava muitos dos alimentos que a gente consumia aqui.

Então, desde o leite, o feijão, a carne, produtos muito básicos.

E hoje a gente exporta mais de 300 alimentos e a Embrapa é uma das grandes responsáveis por impulsionar o agronegócio brasileiro.

E pra conhecer ela a fundo, a gente vai começar olhando pra nossa dispensa aqui.

A gente tem alguns produtos que a nossa produtora, a Ana Pinho, trouxe aqui pra gente.

Pra mostrar o quanto a Embrapa tá no nosso dia a dia, né?

Que muitas vezes tá no supermercado, tá em casa e a gente não para pra pensar.

E aí eu vou fazer uma brincadeira aqui com o Sérgio.

A gente tem, por exemplo, uma cenoura, Sérgio, aqui. E aí deixa eu mostrar também pra quem tá em casa, quem tá nos assistindo. Quem está nos ouvindo: é uma cenoura.

E eu queria que você adivinhasse, você sabia que no começo, antes da Embrapa existir, a cenoura só era produzida, né? Só era cultivada em um período, em uma estação do ano aqui no Brasil. Você sabe qual era?

SG: Eu diria no inverno.

LT: No inverno, exatamente, acertou. Então a gente só tinha cenoura no inverno no Brasil.

Hoje a gente tem o ano inteiro, por quê?

Porque a Embrapa foi lá, conseguiu desenvolver, fazer uma pesquisa, descobrir, modificar ali geneticamente, descobrir um tipo de cenoura que pode ser cultivada o ano inteiro no Brasil.

E hoje a gente é o segundo maior produtor mundial de cenoura graças a essa tecnologia.

A gente tem aqui também o amendoim, o amendoim que ele já é da América do Sul, é natural aqui, mas a gente dobrou a quantidade de amendoim produzido desde os anos 70, justamente por conta da Embrapa,

E aí a gente tem até a Paçoquita ali, para relembrar, né Sérgio?

SG: Nosso primeiro episódio, onde o Grupo Santa Helena não só é o fabricante de Paçoquita, como é um grande produtor [correção: beneficiador] de amendoim.

LT: Exatamente, o beneficiamento ali do amendoim do Brasil é o maior e isso se deve muito às pesquisas da Embrapa também.

Aí eu tenho aqui, deixa eu pegar do outro lado aqui da mesa, uma maçã também.

Maçã, chuta que década ela chegou aqui no Brasil, Sérgio? Que ano?

SG: 1920. 1920.

LT: 1920 não, quem dera. Quem tava aqui na década de 20 mal conseguia consumir maçã, né?

Tinha que pedir pra algum parente lá de fora e olha lá, né? Vai chegar estragado, não tinha como.

A maçã, ela chegou pra produção aqui no Brasil na década de 60, em 19601. Antes não existia e mesmo assim ainda era difícil, né?

Aí com as pesquisas da Embrapa, ela foi adaptada tão bem que pulou a produção de 10 toneladas por hectare pra 40 toneladas por hectare.

Graças à pesquisa da Embrapa. E a gente tem a Gala e a Fuji como as mais consumidas no Brasil. Porque elas precisam menos do frio, né?

E aí, por último, eu tenho aqui o óleo de soja pra representar a soja. Aí a soja fica fácil, né, Sérgio? Você sabe que é uma das nossas campeãs aí, né?

SG: Chegou aqui na década de 60.

LT: A soja, ela chegou aqui antes disso até, só que ela era produzida só no sul do país.

Então, se produzia muito, mas era muito restrita.

Aí, na década de 70, com as pesquisas da Embrapa, que a gente vai detalhar aqui no episódio... A gente começou, então, ela virou o principal produto de exportação que a gente tem hoje, né, in Natura, no país.

E é a base da alimentação pecuária, também serve pra ração, enfim. Ficam aqui alguns produtos, fora o frango aqui, que também tem um destaque que a gente colocou aqui, até coloquei nas minhas anotações, que não tá aqui por razões óbvias – não vou trazer um frango aqui.

Mas a gente fazia zero de exportação de frango até a década de 70.

E aí, com a questão da produção de grãos brasileiro, que se tornou uma ração, melhoramento ali, né? Pra tratar tudo.

Então, isso é interessante também, porque a Embrapa não atua só na produção de plantas, né? Ela também faz o melhoramento da carne, né?

Que a gente tem tanto suína, bovina e afins.

E a aviária, no caso aqui do frango.

A gente tinha 0% do mercado de exportação em 1970 e hoje nós somos os primeiros no ranking mundial de exportação de frango.

E somos o terceiro maior produtor mundial também.

Então, primeiro em exportação, o terceiro maior produtor, graças a esse desenvolvimento da Embrapa.

Bom, enfim, fica aqui alguns relatos breves, mas vamos começar essa história do começo, né, Sérgio?

SG: Cara, a história da Embrapa é uma história que realmente a gente fica... orgulhoso do que essa empresa desenvolveu desde a década de 70.

A Embrapa, a portaria que criou a Embrapa foi aprovada em 1973 e a Embrapa em si começou a funcionar em 1974.

Era um governo militar, e aqui a gente não vai fazer nenhum tipo de inferência à questão política. O que a gente vai falar, e eu acho que é importante para entender a situação, é que era uma época de crescimento da população, crescimento da renda e um terço dos alimentos consumidos no Brasil eram importados.

E houve uma decisão estratégica... Sensacional, que é até pouco comum de acontecer no Brasil, que tem uma visão de curtíssimo prazo, de investir em ciência e tecnologia voltada à produção de alimentos.

E daí nasce a Embrapa.

A Embrapa tem duas figuras que eu gostaria de realçar. O primeiro presidente foi o senhor José Irineu Cabral, já falecido, tinha formação de advogado e economista, só que a paixão dele era o setor agrícola.

Ele participou dos estudos que culminaram com a criação da Embrapa.

E o segundo nome muito importante na história da Embrapa é de um político famoso, da época, obviamente, o senhor Alysson Paolinelli.2

O senhor Alysson era um agrônomo e político, como eu falei, formado pela Universidade Federal de Lavras, que ainda hoje é um centro de excelência em pesquisa agrícola.

Em 1971, ele tinha assumido a posição de secretário da Agricultura do Estado de Minas Gerais, quando criou incentivos... E inovações para que o Estado de Minas Gerais se tornasse um dos principais produtores de café no Brasil, né?

E ele acabou, o Estado de Minas Gerais acabou se tornando o maior produtor de café, né?

A partir daí, em 1975, já no governo Geisel, ele se tornou ministro da agricultura, né?

E, como ministro da Agricultura, ele participou da reformulação da Embrapa e, a partir daí, se tornou uma potência.

Antes de passar para os seus comentários, Letícia, eu só queria enfatizar três pontos do modus operandi do pensamento do senhor Alysson.

O primeiro ponto, foco em tecnologia e ciência em primeiro lugar.

O segundo ponto, que é fundamental para o sucesso da Embrapa, transferência de conhecimento.

E, finalmente, o terceiro ponto, a criação de programas de políticas públicas para estimular o produtor tradicional a migrar para técnicas modernas de gestão do seu setor.

LT: Perfeito.

E como você mencionou isso, tem essa criação da Embrapa no papel em 73, em 74, o início da operação, mas o começo é um pouco confuso, porque tem até a mudança no Ministério da Agricultura e etc.

E aí, quando entra a figura do Alysson, é que as coisas realmente vão decolando.

Em termos práticos, o que a Embrapa faz? Segundo as nossas pesquisas aqui, o que acontece é que ela, primeiramente, já em 74... Surgem os primeiros centros nacionais por produtos, então o que eles fazem?

Como eles vão tomar conta de um outro departamento que existia na época no governo, eles vão ficar responsáveis por toda essa pesquisa da agropecuária ali, eles vão se instalar em diferentes regiões do país e em cada região estudar algo, né?

Então, em Goiânia, por exemplo, eles vão estudar o arroz e feijão.

Em Campo Grande, vão instalar um centro pra estudar o gado de cote.

Em Manaus, pra estudar seringueira.

Então, em cada lugar, eles vão concentrar ali seus esforços em uma... Em um tipo, né?

De segmento.

E pra fazer isso, como é que você faz isso, né?

Assim, quem que vai estudar?

E aí, tá uma outra parte também que eu acho que é muito interessante, que eles...

Simplesmente eles pegaram um monte de jovens recém-formados, né?

Que tinham acabado de terminar a faculdade aqui no Brasil, muitos biólogos.

Quer dizer, muita gente que também queria estudar sobre a agropecuária, mas que não tinha muitas condições aqui no Brasil.

Você não tinha um grande estudo e enviaram pra fora. Principalmente pros Estados Unidos, porque era uma época em que se tinha muita parceria com os Estados Unidos aqui no Brasil, né?

Mas pra universidades da Europa também, pra que lá eles estudassem, fizessem mestrado, doutorado... E entendessem como trazer as novas tecnologias que estavam sendo estudadas nessas universidades lá fora pra produzir aqui no Brasil, né?

Então, o que que se fazia no primeiro momento?

Então, entender como que se pode produzir mais alimentos em terras tropicais.

E aí, foi esse trabalho que foi feito no momento, porque até então, o que se tinha no Brasil de produção?

Então, se tinha muito uma produção na terra roxa, que são as chamadas terras férteis do Brasil, que ficavam principalmente em São Paulo, no oeste do Paraná, mais no sul do Brasil, Santa Catarina, Rio Grande do Sul…

Mas fora isso, você tinha todo um campo vasto que não era explorado.

E aí, no primeiro momento, até a Embrapa vai tentar explorar na Amazônia.

E aí, o Alysson, quando entra, o Paolinelli, né? Paolinelli, o Alysson Paolinelli, ele vai pegar e vai falar não, peraí que tem coisa mais fácil de explorar aqui.

E mais perto, né?

Dos centros onde está sendo construído.

Então, se tinha Brasília e etc.

Por que não explorar o Cerrado?

Enfim.

E aí eu não sei se você tem mais algum comentário, a gente fala do Cerrado agora, que eu acho que é um grande caso aí também que a gente pode trazer.

SG: Eu não sei se eu vou me adiantar, Letícia, mas tem um dado aqui que eu acho que eu fiquei de queixo caído quando eu vi.

A Embrapa hoje tem 7.685 funcionários.

Desses, 2.051 são pesquisadores.

Agora, o mais interessante.

90% desses pesquisadores têm doutorado e os outros 10% têm mestrado.3

Então, a Embrapa é um exemplo de que pesquisa e inovação precisa ter um impacto real.

E como você já adiantou no começo... O crescimento do agro no Brasil é um fato.

LT: Sim. Tem os dados comprovados, né?

Até a Embrapa fala que no começo ela enfrentou resistência de gente que ficava assim, mas cadê os resultados?

Porque levou-se um tempo até formar os primeiros pesquisadores, até eles voltarem e virem pra cá.

Porque, infelizmente, a ciência leva mais tempo do que, por exemplo, o ser humano, né?

A gente, na nossa ansiedade, ali tá disposto.

Mas hoje, a gente tem aí os números claros e o impacto no dia a dia, né?

Bom... E tem essa questão do Cerrado, que a gente tem a experiência já do Paolinelli, tinha experiência com café e etc.

E ele que vai montar esse programa, até que você mencionou que tem um programa pra estimular o produtor, tudo isso, o Cerrado é o grande celeiro pra Embrapa nesse primeiro momento, né?

Quer falar um pouco sobre isso?

SG: Eu diria o seguinte, o Cerrado talvez tenha sido a primeira experiência de foco da Embrapa, né?

E hoje, como você falou, o Cerrado é uma potência. Uma potência.

LT: Porque não se produzia nada lá, né? Basicamente era considerado uma terra infértil.

Aí é que tá, que é interessante. E aí foi feito...

O que a Embrapa teve que fazer, que eu achei que foi interessante, que você falou do produtor, não só incentivar o produtor, trazer muitos produtores experientes que eram de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, concedendo terras mais baratas ali, né?

Claro, aí é o papel do governo, não da Embrapa em si, mas com empréstimos, etc. Pra subsidiar eles a fincarem os pés no Cerrado, mas também fazer uma educação pra mostrar assim, olha só, você não pode aqui pegar a sua enxada... Plantar uma semente e achar que vai funcionar.

Não, aqui no Cerrado você tem que fazer toda uma mudança química, física e biológica do solo antes de plantar.

Então aí que entra o papel da ciência, que entra o papel da Embrapa, que conseguiu fazer esse melhoramento das condições ali e que vai transformar o Cerrado numa terra produtiva.

A gente tem hoje os dados, né?

O Cerrado é responsável por 86% da produção de algodão nacional, 50% da produção de soja, 43% da produção de feijão e 34% da produção de carne.

Então, tudo isso começou lá atrás.

E aí, quer dizer, com o Cerrado, e que eu acho que essa experiência no Cerrado, esse foco do início da Embrapa, ele mostra muito um mecanismo que a gente tá falando assim, né?

A gente fala que o podcast é Caçadores de Sucesso, a gente tá trazendo casos de sucesso... As pessoas podem falar, mas é uma instituição, mas não é uma empresa em si.

Mas ele tem muito dos modelos de como é que se constrói uma empresa quando você está num setor novo, quando você está entrando em um novo mercado.

Que é alguns dos pilares ali que ela usou no começo, né? Que são esse investimento em mão de obra, incapacitar uma mão de obra, em educar o mercado, né?

Quer dizer, em pegar na mão do agricultor, ensinar ele como é que se faz e criar todo um ecossistema favorável. Então, você pode falar, mas como é que funciona isso?

Traduzindo isso para o mundo dos negócios…

Eu lembrei de um caso do marketing digital, que é um setor mais recente no Brasil. Quando você pega empresas como a Resultados Digitais, que hoje é uma potência, é uma empresa grande...

Se desenvolveu, começou como uma startup lá em Santa Catarina, lá em Florianópolis.

E foi uma empresa que é isso: na época não existia o que é marketing digital, o que é isso. Ela teve que fazer esses processos justamente de investir uma mão de obra qualificada.

Então, pegar profissionais e levar eles para fora para estudar o que tinha sido feito, o que estava sendo feito de marketing digital lá fora.

Educar o mercado, então produzia muito conteúdo... Muitos textos, né? O blog deles gigantescos, gigante, com textos gigantescos sobre como, o que era o marketing digital, como funcionava, o beabá mesmo.

E investiram nessa criação de ecossistema, que no caso deles, por exemplo, tinha um evento que eu não sei o quanto eles ainda fazem, mas faziam todo ano, que era o RD Summit, que era um evento gigantesco de marketing digital.

É, virou uma febre. Por quê? Porque eles criaram um ecossistema.

E é o mesmo funcionamento. A gente vê lá atrás com o Embrapa e a gente vê hoje em dia com outros negócios.

SG: É interessante você colocou, trouxe o tema startup. Para mim, a Embrapa foi uma startup. Ela foi criada como uma empresa que vivia de inovação r tinha dificuldade de financiamento, ainda tem hoje, né?

A gente vai conversar um pouco sobre isso no futuro, mais à frente.

Mas, assim, características que são muito comuns à startup. Mas a característica mais forte é que a Embrapa vive de inovação. E a inovação da Embrapa tem resultado, né?

Imagina só se a Embrapa ganhasse um royalty em cima das exportações que se criam através dos seus produtos e da sua pesquisa.

LT: Seria uma das maiores empresas do Brasil, provavelmente.

SG: Com certeza.

LT: Porque é muita coisa, realmente. Bom, e acho que a gente parte para um pilar para falar mais da Embrapa hoje, né?

SG: Embrapa hoje.

LT: Exatamente. Como você estava mencionando aí algumas questões de se ela ganhasse o Royalty, né?

Eu até peguei alguns números sobre a agropecuária no Brasil, de como é que melhorou, como é que evoluiu.

Pra exemplificar, né, então o que a gente tem em termos práticos: a produção de grãos, ela teve um aumento nas últimas quatro décadas de cinco vezes, sendo que a área plantada aumentou em 60% só, ou seja, é o aumento da produtividade, né, que é o mais interessante, você não tem que devastar mais, tirar mais pra produzir mais4.

A produção de trigo se elevou em 240%, aí se eu for ficar citando o número, eu vou ficar o dia inteiro aqui, né.

Mas o rebanho bovino, por exemplo, aumentou em 100% com uma diminuição da área de pastagem.

E a cafeicultura, por exemplo, que a gente é grande exportador de café, ela foi triplicada. Foi triplicada, enquanto a produção de carne e de frango aumentou em 59 vezes no Brasil.

Isso nas últimas quatro décadas. E todos esses números têm um impacto da Embrapa ali. E tem o trabalho da Embrapa nesses últimos anos.

Quer falar sobre como é a Embrapa hoje? O que você tem aí sobre a sua pesquisa em relação a isso?

SG: É, eu meio que me concentrei em alguns aspectos estratégicos da Embrapa.

Como eu te falei, eu fiquei bastante, quase que emocionado com a história da Embrapa.

Então, deixa eu falar aqui, eu trouxe aqui missão e visão da empresa, que eu acho que fala muito o que a Embrapa faz e como as pessoas pensam.

Sua missão é viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade brasileira como um todo.

E sua visão, ser protagonista e parceira essencial na geração e no uso de conhecimentos para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira.

Então, assim, é um... É uma... É um DNA de inovação que é muito pouco comum aqui no Brasil.

E, adiantando um pouco, tem dois organismos dentro da Embrapa que eu achei bem interessante. O primeiro é um troço chamado Agropensa, que é um sistema de inteligência estratégica que estuda as macrointendências do agro brasileiro.

E algumas dessas macro tendências são muito atuais, então estamos falando de sustentabilidade, adaptação e mudanças climáticas, o uso do digital no agro, e eles produzem um documento, quem tiver interesse, vale a pena pesquisar, que se chama exatamente Visão do Futuro do Agro Brasileiro, muito interessante.

E o segundo órgão é um negócio chamado AGITEC, que usa a internet para divulgar informações sobre o agro-brasileiro de uma maneira organizada.

E essas informações são agrupadas em quatro blocos: cultivos, criações, temáticas e territórios.

Aí vamos falar um pouco de resultado, de reputação da Embrapa.

E eu não estou falando reputação brasileira, estou falando reputação global.

No final de 2022, a Embrapa teve 21 pesquisadores entre os mais influentes do mundo.

E quem definiu isso? A Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.5

O pessoal não está lá discutindo o sexo dos anjos. Eles estão criando ferramentas inovadoras para aumentar, como você falou, aumentar a produtividade do setor agrícola no Brasil.

LT: É, e eu acho interessante que é isso, né? Eles têm uma metodologia, eu até coloquei aqui nas minhas observações, na minha pesquisa aqui que eu levantei, que é essa questão da classificação dos projetos deles.

Então, hoje eles têm uma base de mais de mil projetos, que eles são classificados com base na escala de maturidade tecnológica6. Então, isso é interessante.

Como é que você mede, né? O que vai pra mercado, qual que é a importância disso, daquilo.

Então, você tem, desde a pesquisa básica, que a Embrapa, e isso é interessante também na Embrapa, ela não desenvolve nada sozinha, né?

Ela desenvolve sempre com uma parceria, seja de uma instituição de ensino, seja de uma empresa privada.

E aí, a pesquisa básica, ela justamente é mais focada em médio e longo prazo e é desenvolvida mais com universidades, centros de pesquisa.

E aí você tem também as aplicações desenvolvidas em parceria público-privada que geralmente são mais já pra ir pro mercado. E tudo isso entra numa escala de maturidade lá de 0 a 10, em que nível que tá, pra onde vai.

E aí tem um balanço social que eles publicam todo ano onde entra cada um dos 43 centros deles, né?

Então, como é que funciona hoje no dia a dia a operação? São 43 centros de pesquisas, que cada um desses centros, ele trabalha com uma cadeia produtiva, até como eu comentei, começou lá atrás, né?

Então, por exemplo, tem a Embrapa de Soja, que fica em Londrina. A Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande. A Embrapa também tem a divisão por biomas, tem a divisão por unidades temáticas, né, que acabam sendo transversais, que é mais, envolve recursos genéticos, coisas que dá pra pensar mais holisticamente em várias culturas ali, em vários cultivos.

Enfim, mas cada um desses 43 centros, ele encaminha todo ano três tecnologias que tiveram sucesso e... O retorno que isso trouxe realmente para a sociedade é calculado.

E aí, em média, nos últimos anos, a cada R$1 investido na Embrapa, retornou-se R$12 para a sociedade7. Isso analisando as principais pesquisas deles, fora aquelas que estão sendo desenvolvidas ali, que vão ficar prontas no médio e longo prazo.

Então, está aí, a cada R$1, R$12 investido vai para a sociedade no fim das contas, então mostra o impacto real deles, né? No dia a dia ali.

SG: É, uma coisa interessante também, a gente pesquisou, né? Alguns produtos novos ou algumas inovações mais recentes da empresa, né?

A que eu achei mais interessante é eles criaram uma abelha sem ferrão. E, obviamente, isso tem um impacto importante na apicultura.

E até você comentou das parcerias em pesquisa. Eles criaram um equipamento também que leva uma ressonância magnética para analisar a qualidade de alimentos processados ou in natura. Isso foi... Foi feito com uma startup chamada FIT, o Fine Industry Technology.

E um terceiro produto que eu acho interessante mencionar, um produto que eles chamaram de Antecipe. Levou 13 anos para ficar pronto e um negócio chamado cultivo intercalar antecipado, ele possibilita que a produção de grãos desenvolvidos pela Embrapa seja feita durante a safrinha e torne essa produção mais produtiva, com maior output.

LT: Sim.

SG: Isso é só um exemplo, como você falou, se não me engano, a gente também chegou a um número de que hoje existem mil pesquisas sendo tocadas pela empresa simultaneamente.

Então, essas três aqui que eu mencionei são só uma pequena amostra do que essa empresa produz.

LT: Mas eu acho que é isso… A gente precisa sempre daquele mas, o Brasil infelizmente sempre tem um mas, e eu acho que a gente vai pro mas dessa história, certo Sérgio?

Porque tem seus desafios e seus problemas aí a Embrapa né.

LT: Sim, eu acho que eu eu vejo dois dois desafios principais… Não são os únicos, eu gostaria de frisar, são os principais.

O primeiro é o financiamento da Embrapa. A Embrapa é uma instituição estatal, num país que vive um problema fiscal crônico, Veja bem, o problema fiscal brasileiro... Eu comecei a trabalhar no mercado financeiro em 1992.

Naquela época, a situação fiscal já era uma preocupação. Passados esses 30, 40 anos, continua sendo.

Então, para qualquer estatal, principalmente aquelas que... não tem acesso a capital privado, é complicado.

E a gente viu vários números de problemas de financiamento da Embrapa.

LT: Eu tenho até aqui, o déficit dela8 em 2024 foi de 26 milhões de reais nas contas, porque ela recebeu uma verba do governo de 176 milhões e meio de reais. Mas fora esse déficit de 26 milhões, que foi um prejuízo de 26 milhões que ela teve, ainda tinha mais 200 milhões que eles tinham planejado investir em outras pesquisas que eles não puderam fazer por conta... Do teto de gastos.

Hoje, a gente tem um déficit fiscal, tem uma política de teto de gastos e essa política limita o tanto que a União vai passar para a Embrapa.

Então, todo ano, a cada ano, eles estão pedindo um número de recursos.

Para esse ano, eles pediram 510 milhões e, no fim, o governo está previsto desembolsar 137 milhões.

Só pra Embrapa, né?

E aí, você fala assim: ah, mas eles não têm nenhuma receita. Eles têm, mas muitas das receitas do faturamento que eles têm, algumas coisas de royalties e coisas assim, vai pro caixa da União, né?

Porque ele vai direto lá e aí tem que ter o repasse. E aí que entra... O dilema.

E aí eu até vi que eles estão fazendo... A atual presidente da Embrapa está elaborando um documento em que se tem várias propostas de fontes alternativas de financiamento. Justamente para tentar não parar as pesquisas.

Porque hoje aí tem um outro dado que 73% dos projetos de pesquisa e desenvolvimento na Embrapa, eles são executados com os recursos de parcerias, de captação externa.

Então, acabam sendo... pesquisas, projetos, que são de interesse muito da indústria, agro, né? Que são de interesse de uma parceria público-privada.

Mas e o restante, que é tão importante que a gente citou aqui, que muitas vezes vai levar 10, 15, 20 anos para ser desenvolvido, que não vai ter uma aplicação imediata na indústria e acaba ficando parada nesse meio tempo.

E a gente tem os dados que, por conta do déficit fiscal, por conta dessas questões, nos últimos oito anos, o repasse da União para a Embrapa vem diminuindo os valores.

Então, são oito anos seguidos de cascateamento, de sucateamento, melhor dizendo, sucateamento do... Dos recursos da Embrapa a ponto de chegar...

Eu estava vendo que até vazaram para o Neofeed de um e-mail de um diretor de um centro de pesquisa da Embrapa dizendo que: olha, vocês não podem usar ar-condicionado porque a gente não vai ter dinheiro para pagar.

Então, assim, está faltando dinheiro para o básico ali, né?

SG: Você sabia, Letícia, que em 2008 barra 2009 e em 2012... Tentou-se fazer um IPO da Embrapa?

LT: Jura? Não sabia dessa.

SG: A primeira tentativa, como eu falei, 2008, 2009, e rechaçaram, o Congresso rechaçou... De imediato. Já foi.

Em 2012, foi apresentada uma lei que permitiria o IPO. Não seria uma privatização. O Estado manteria o controle e uma parcela minoritária seria aberta para o mercado. Em 2012, foi apresentada uma lei propondo essa estrutura.

Na época, o senador Delcídio... Delcídio de Oliveira, se não me engano [correção: Delcídio do Amaral]. O relator aprovou a lei na Comissão de Economia do Senado.

E quando foi para o plenário da Comissão de Assuntos Econômicos, a Comissão de Assuntos Econômicos, se é o nome correto ela foi rechaçada de novo, então, mais uma vez já na época a gente tinha esse problema de financiamento.

É óbvio que para acontecer um IPO da Embrapa teria que se mudar o modelo de negócios — modelo de negócios é uma expressão nova, na época nem se discutia isso.

Mas eu trouxe esse fato porque, de novo, é um problema crônico, não só da Embrapa, como de várias outras estatais brasileiras.

LT: Sim, e se pensou, quer dizer, mas não se discutiu uma solução a longo prazo realmente, né?

E agora a gente vem vendo, quer dizer, vem faltando a isso. É verba pra, a gente chegou no ponto crítico, que é verba pra coisas básicas como energia, pagar as contas básicas.

Então, o que vai ser daqui pra frente, né? Porque a gente fala muito desse sucesso, e foi um sucesso até aqui…

Mas as pesquisas, elas levam tempo e isso vai refletir esse déficit, esses prejuízos e tal. Com certeza vai ter um reflexo nos próximos anos, nas próximas décadas.

SG: Eu há pouco mencionei que eu acho, na minha visão, eu via dois grandes desafios para a Embrapa.

O primeiro a gente já comentou, a questão financeira.

E o segundo... É a renovação de quadros.

A Embrapa é uma empresa de ciência e tecnologia, é uma empresa de cérebros. Os pesquisadores envelhecem. Pelas nossas informações, a última contratação de pesquisadores ocorreu em 2014.

E, obviamente, existe uma... Um tempo para que os pesquisadores maturem e se tornem mais, se tornem referência, como alguns deles conseguiram lá pela Universidade de Stanford.

E aí eu trago algumas questões que são questões que não são ligadas diretamente à Embrapa, muito mais ligadas ao país e ao setor público brasileiro.

A primeira delas é o Brasil vive uma onda de perda de cérebros. E eu não vejo isso se revertendo no curto prazo. Esse é um desafio para a Embrapa.

A segunda coisa são as limitações orçamentárias que vão continuar, pelo menos por mais cinco anos, dez anos que seja.

E um outro fator que eu acho que parece que não é nada, mas é... É a questão da burocracia no setor público.

Então, o cara é pesquisador, ele quer ter uma certa liberdade, quer ter liberdade de criação, eu quero dizer, e tem todo um processo para aprovação e tal, que talvez afaste um pouco os grandes pesquisadores.

LT: Com certeza, isso é um grande desafio e eu diria que tem outros desafios o que eu listei aqui, que eu vejo na Embrapa é um avanço nessas pesquisas no agro brasileiro voltadas pra proteger toda a nossa cadeia né

A gente vai falar de sustentabilidade aqui? Vai, porque tem que falar de sustentabilidade porque sem hoje em dia não se produz nada e a gente sabe que na verdade as pesquisas mostram que o agronegócio responsável brasileiro, ele é muito sustentável, né? A gente tem muitas referências.

Mas, mesmo assim, tem algumas coisas que ainda precisam acontecer.

Hoje, as pesquisas, elas mostram, por exemplo, que o Cerrado brasileiro, ele está sofrendo muito com a queda do bioma, porque foi muito explorado.

Curiosamente, foi onde a Embrapa ajudou a desbravar, mas justamente por conta da monocultura, o avanço do agronegócio, você tem um problema, inclusive, com as águas, com as bacias d'águas que estão lá, que estão secando muitos rios.

E tudo isso a Embrapa, ao mesmo tempo que tenta resolver suas contas, vai ter que dar conta disso.

Porque foi um problema que, querendo ou não, ela ajudou a criar. E ali a gente tem que pensar outras maneiras de se explorar a agricultura nessa região.

Eu fui atrás de pesquisas pra entender o que poderia ser feito, por exemplo, nessa região do Cerrado, que hoje em dia tem muita plantação de soja, muita monocultura.

Então, a gente tem um problema, como eu falei, das águas, etc. E eu cheguei a um pesquisador chamado Reuber Brandão, que é biólogo e é professor da Universidade de Brasília.

E ele fala que, por exemplo, o cerrado é um bioma muito rico, a gente conhece pouco dele. Tem uma série de palmeiras lá que não são exploradas. Tem uma série de usos que a gente poderia explorar lá pra produzir uma agricultura de maior valor agregado, né?

Então, pra impulsionar a agroindústria, então impulsionar o maior valor agregado, o que que é? Não ficar só na soja... A semente, mas…

Produzir cola, ele fala que dá pra produzir através dos produtos da região, você tem como estimular outros produtos alimentícios cosméticos, medicamentos tem analgésicos que podem ser produzidos com as plantas que estão no Cerrado.

Então tudo isso como você aproveitar a floresta ali, o que tem do bioma ali do Cerrado ainda, e estimular as pessoas a plantarem mais e produzir no agronegócio brasileiro com um valor agregado maior, né?

Enfim, que aí a gente vai exportar com um lucro maior e etc. Então tem esse ponto que nós... E aí ele cita, por exemplo, o caso do açaí… Ele cita como exemplo, porque o açaí era uma coisa que era só o Brasil aqui, e de repente o açaí agora virou uma commodity que todo mundo lá fora quer.

E tem plantadores, tem agricultores na Amazônia que devastavam a sua região, as suas terras pra gado, pra outras coisas, e que começaram agora a plantar açaí, justamente buscando a exportação.

Então, tá aí um exemplo que pode ser usado no Cerrado brasileiro, né?

No caso, em outros frutos que o Cerrado brasileiro possui, que a gente pode... Exportar e tentar recuperar, tá aí uma saída. Só que claro, tudo isso leva tempo e pra isso a Embrapa precisa de mais dinheiro.

Eu acho curioso também essa questão de que a Embrapa ela começou muito da sua discussão, e aí eu acho um outro desafio que claro que não é só dela, mas ela se iniciou muito para garantir a segurança alimentar do Brasil, como a gente falou.

O alimento era muito caro, um terço do alimento era importado. E a gente tinha dado, inclusive, que 48% da renda do brasileiro, lá na década de 70, era gasto com alimentação. Era muita coisa.

E aí, se teve uma redução de 50%9 por conta da Embrapa e de tudo, no preço da cesta básica brasileira hoje, então, nas últimas quatro décadas, mas mesmo assim a gente tem gente passando fome.

Você não tem a segurança alimentar.

E cabe, é claro, a Embrapa estimular mais o produtor pequeno e médio brasileiro, agropecuária familiar, que é a que garante a maior parte do abastecimento nacional, né?

Enquanto os grandes do agro vão muito pra exportação.

Então, esse é um outro desafio dela também, de se alinhar não só aos grandes, como hoje em dia tem muita parceria e tem muito dinheiro vindo dos grandes, mas como usar os recursos dos grandes também pra desenvolver o pequeno e o médio e ajudar eles a avançar mais, né?

Até porque a gente sabe também que o pequeno e o médio costumam ser... Tem uma sustentabilidade também, uma preocupação com a sustentabilidade que vem sendo estimulada também por programas de financiamento do governo e etc. E que a Embrapa pode garantir.

Enfim, fica os pitacos aí, os meus pitacos sobre desafios.

SG: Muito interessante, eu acho que sim, é um desafio importante.

E eu ouso dizer que a... A Embrapa, ela sabe desses desafios e ela assume a sua responsabilidade. Por que eu digo isso?

Eu tenho uma... Tem uma coisa que me interessa bastante em relação a empresas, e a Embrapa para mim é uma empresa, que é estratégia corporativa e visão de longo prazo.

E a Embrapa tem um plano estratégico para o período de 2024 a 2030, com nove objetivos estratégicos.10

Eu queria mencionar os nove aqui, porque a gente vai ver que dentro desses objetivos estão vários, se não todos os pontos que você levantou.

Então, primeiro, produção sustentável e competitividade.

Segundo, recursos naturais e mudança de clima.

Terceiro, tendências de consumo e agregação de valor.

Quarto, Segurança Alimentar e Saúde Única.

Quinto, Bioeconomia e Economia Circular.

Sexto, Inclusão Socioprodutiva e Digital.

Sétimo, Tecnologias Emergentes e Disruptivas.

Oitavo, Transformação Digital.

E o nono, fortalecimento e modernização da própria Embrapa.

Para cada um desses objetivos estratégicos, eles definem metas anuais. E corre atrás.

A gente diz, quando analisa estratégia, que desenvolver estratégia é relativamente fácil, difícil é implementar.

Então, obviamente... A implementação da Embrapa tem que ser uma implementação de qualidade para que esses desafios que ela tem realmente sejam mitigados.

LT: Sim. E agora é esperar para ver, né? E vamos continuar acompanhando aí essa história. É isso?

SG: Eu acho que a Embrapa, como eu falei para você, eu acho que vale reforçar, eu acho que a Embrapa é um case muito interessante, não só no Brasil, como no mundo, que é uma instituição de pesquisa estatal, com todas as restrições de uma empresa estatal no Brasil, que conseguiu ser um parceiro estratégico fundamental para um setor e para um país.

E só um spoilerzinho, a gente, como você falou, né?

Não, muita gente pode comentar: mas a Embrapa não é uma empresa.

Caçadores de Sucesso fala de histórias de sucesso.

LT: Perfeito.

SG: Para quem está se surpreendendo, talvez, com o tema de hoje, acho que vai se surpreender ainda mais com o nosso quinto episódio.

LT: Com o que vem pela frente. Exatamente. Que a gente vai trazer outro negócio também surpreendente.

SG: Isso aí.

LT: Tá certo.

Obrigada, Sérgio, pela parceria.

SG: Obrigado a você.

LT: Pra você que nos acompanhou até aqui, muito obrigada pela sua audiência. Se você está acompanhando a gente pelo Spotify, não esquece de seguir a gente pra ficar por dentro dos próximos episódios.

Se é no YouTube, já se inscreve no canal.

E também siga a gente nas redes sociais. A gente tá no LinkedIn, Caçadores de Sucesso, é só procurar lá. Ou no Instagram, que é Caçadores de Sucesso, tudo junto, sem o Cedilha. Caçadores de Sucesso pod, no final, pod de podcast.

E eu vejo você nos próximos episódios.

Ah, a gente tem o site também, caçadoresdesucesso.com.br.

Até a próxima.

SG: Tchau, tchau.

1

https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1153294/brasil-em-50-alimentos

2

Entrevista com Alysson Paolinelli (Notícias Agrícolas)

3

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1163847/1/BS-2023.pdf

4

https://www.embrapa.br/en/balanco-social-2021/a-embrapa-em-2021/uma-empresa-estrategica-para-o-brasil

5

https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/75657403/21-embrapa-researchers-are-among-the-most-influential-in-the-world

6

A história da Embrapa (Podcast Missão Desenvolvimento)

7

https://bs.sede.embrapa.br/2019/impacto.html

8

https://globorural.globo.com/politica/noticia/2025/01/embrapa-busca-alternativas-para-se-financiar.ghtml

9

https://www.embrapa.br/en/balanco-social-2021/a-embrapa-em-2021/uma-empresa-estrategica-para-o-brasil

10

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1164706/1/PLANO-NEGOCIOS-2024.pdf

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